Nesta quinta-feira, 11.05, a Professora e Arquiteta e Urbanista, Luisa Cangussu fala sobre os 10 pontos em uma cozinha perfeita.
Texto –
10 pontos em uma cozinha perfeita
Que a cozinha é o coração da casa, que faz parte do setor social e não mais do setor de serviço de uma residência, já sabemos! E vivemos, há bastante tempo, entrando pelos fundos, chegando pela cozinha.
FUNÇÃO SOCIAL:
Houve o tempo em que a cozinha era de uso dos empregados, e a comida saía de lá em bandejas para serem servidas à mesa na sala de jantar. Mas hoje é mais comum que ela seja integrada ao living e lazer. A integração desses cômodos é reflexo de como vivemos atualmente, com muitos afazeres e vida corrida, o setor social sem paredes é um grito pelo encontro da família.
É onde a família e amigos se reúnem. Entrar na cozinha de alguém é sinônimo de intimidade: você “é de casa” e pode pegar água na geladeira sem pedir!
CUSTO:
É também o ambiente mais caro de se construir, pois contém pontos de elétrica e hidrossanitários, o que delonga o trabalho da mão de obra, e contem materiais caros como as bancadas; um dos mais caros de montar, uma vez que nas cozinhas concentram-se boa parte dos eletrodomésticos, e dos móveis planejados; e de fazer manutenção. Dessa forma, é imprescindível que a cozinha seja bem pensada, com um projeto bem detalhado.
10 PONTOS EM UMA COZINHA PERFEITA:
Para te ajudar nesse planejamento, eu trouxe alguns pontos que considero indispensáveis no projeto de cozinhas práticas e lindas:
1. LAYOUT:
A disposição do trio de atividades – lavar, cozinhar e armazenar, ou seja, pia, fogão e geladeira – em triângulo (o bom é que seja o mais isósceles possível) garante a praticidade do uso desse espaço durante o preparo das refeições. As atividades rotineiras dentro de uma cozinha com layout triangular se tornam mais ágeis.
2. ERGONOMIA:
Ergonomia é fundamental! Se atente às medidas mínimas de alturas de bancadas para trabalho em pé, entre 90 e 95 cm do piso acabado, e o vão do sóculo para abrigar os dedos dos pés debaixo do armário, que deve ter entre 8 e 10 cm de profundidade, parece bobo, não é!
Os armários inferiores tem a mesma extensão e profundidade que as bancadas, já os superiores tem profundidade menor, entre 35 e 40 cm, e ficam há 60 ou 70 cm de altura da bancada.
3. CORES E ESTILOS:
Não há uma regra única e absoluta sobre a cor ideal, nem sobre o estilo ideal.
É importante conhecer o significado das cores e apontar para seu arquiteto as suas preferências. Ele vai saber aplicá-las e manter a harmonia entre a cozinha e demais cômodos, sejam eles integrados ou não.
Como é um cômodo familiar, podemos tê-lo super colorido, é comum cozinhas azuis, verdes, alaranjadas, e, ao mesmo tempo, por ter muitas atividades e objetos variados, as cozinhas claras e com tons neutros também são muito queridas, pois passam a impressão de higiene que o ambiente precisa.
Minha opinião: independente da sua preferência por cor, é importante trazer elementos que aquecem e tornem a cozinha mais aconchegante, uma vez que as bancadas, como superfícies polidas e frias, eletrodomésticos também frios, muitas vezes com acabamento em inox, e as paredes completamente revestidas tendem a fazer da cozinha um ambiente desconfortável. Dessa forma, para trazer aconchego e conforto, podemos usar madeira. Seria no MDF com padrão amadeirado, não precisa ser em todos os armários, mas em alguns detalhes fica bastante charmoso! Outra ideia aliada a isso, é não revestir todas as paredes, mas apenas no entorno da pia e do fogão.
Diversos são os estilos possíveis em uma cozinha, e eu gosto de vários! Cozinhas industriais, cozinhas contemporâneas, cozinhas com linhas orgânicas ou ortogonais, cozinhas provençais, cozinhas de fazenda, cozinhas gourmet… A dica aqui é sobre escolher o estilo que te representa, e que têm haver com o restante da casa. Sim, deve haver harmonia entre todos os cômodos e a plástica do imóvel como um todo.
4. ARMÁRIOS:
Seja casa ou apartamento, trabalhar com móveis planejados sob medida em cozinhas garante um bom aproveitamento do espaço. Cuidado para não exagerar e espalhar MDF para todo lado, de forma que você crie armários onde nunca vai alcançar e usar.
A melhor opção é fazer armários com portas de giro sob toda a extensão das bancadas; o número suficiente de gavetas, nem a mais nem a menos, pois apesar de serem práticas no quesito organização, a quantidade de gavetas encarece o projeto; se a bancada for pequena, lembre-se de inserir um porta temperos embutido no armário próximo ao fogão, e evitar de deixar os potinhos na bancada. Se precisar de armários suspensos, superiores às bancadas, eles devem ser menos profundos, eu ainda prefiro que sejam com portas em vidro ou prateleiras, sem portas, pois assim, o projeto fica mais leve!
Para melhor organizar os utensílios, pense em setorizar dessa forma: talheres e miudezas em gavetas; panelas e utensílios metálicos mais pesados nos armários inferiores; vasilhame plástico e suas tampas em gavetões; pratos, copos, canecas, xícaras e taças nos armários superiores. Panos de prato, sousplat e toalhas de mesa também ficam mais bem organizados em gavetas. Mantimentos e alimentos de padaria em locais bem protegidos, jamais debaixo da pia, onde pode haver vazamento.
Ainda sobre os armários, eu indico puxadores minimalistas e resistentes, que não correm o risco de te machucar ou agarrar na sua roupa, e que sejam de materiais que suportam umidade e baques.
5. REVESTIMENTOS:
Definitivamente o piso deve ser acetinado ou antiderrapante, pois a mistura de água e gordura, além dos respingos de comida inevitáveis, fazem o piso polido ficar ainda mais escorregadio.
É importante que o piso seja resistente a umidade e produtos de limpeza, e os porcelanatos ganham nessa disputa, mas vale abrir o coração para os vinílicos também.
O projeto fica mais harmônico quando o mesmo piso usado no living, seja ele integrado ou não, se adentre na cozinha.
Sobre os revestimentos das paredes, a principal dica é que não sejam assentados por todas as paredes, vale ter paredes apenas pintadas nas cozinhas, o que trata a acústica e gera menos reverberação, além de diminuir a sensação de “açougue”. Além disso, outra dica é usar revestimentos maiores se o cômodo for grande e peças menores se a cozinha for pequena.
6. BANCADAS:
A maioria das demandas pela cozinha dos sonhos que chega aqui no atelier vem junto de uma bancada clarinha! Mas, em quase todos os casos, acabamos usando o granito preto, por dois motivos: é mais resistente (a manchas, a impactos, a mudança de temperatura) e custo.
Geralmente, as rochas claras e resistentes, que não vão te dar dor de cabeça com manutenção e terão uma boa durabilidade, custam 4 vezes mais.
Em cozinhas eu prefiro as saias (parte da frente da bancada, que faz acabamento junto ao armário inferior) menores, de 4 centímetros; pois, além de minimizar o custo de marmoraria, você ganha altura nos armários inferiores. Já a rodobanca, também conhecido como frontão, eu prefiro mais alto, de 20 a 30 centímetros, de forma que protege a parede e retira a necessidade de revestimento, uma boa ideia para quem quer trabalhar com o minimalismo.
Saiba que existem outros tipos de acabamento para bancadas, além do polido. Está em alta usar granitos com acabamento escovado ou levigado na cozinha, o que deixa o ambiente mais aconchegante, sem excesso de brilho!
Outra dica valiosa sobre bancadas é fazer o rebaixo na área molhada, onde fica a pia. As cozinhas do Pinterest estão ignorando isso, e não funciona assim, a não ser que a sua cozinha seja de enfeite!
7. ELETRODOMÉSTICOS:
Segue a lista dos eletrodomésticos que você pode ter na cozinha, eu divido em fixos e movíveis.
Para cada um dos fixos, deve haver uma tomada exclusiva: Geladeira, micro-ondas, forno, fogão ou cooktop, coifa, lava louças e purificador de água.
Indico que o purificador de água fique próximo a pia, na parte rebaixada da bancada, pois, no uso do dia a dia, sempre derrama um pouco de água por ali. E, por ser mais prático, a lava-louças também deve ficar próxima a pia, sob a bancada.
A instalação dos eletros embutidos no armário deve seguir as indicações de seus fabricantes, encontradas em manual técnico. Só assim é possível manter a garantia de funcionamento dos mesmos.
Além desses, há os eletrodomésticos movíveis: liquidificador, mixer, air-fryer, misteira, batedeira, panificadora, máquina de suco, dentre outros. Para esses é ideal deixar duas ou três tomadas livres sobre as bancadas, depende do uso e da quantidade de pessoas que os usam ao mesmo tempo.
8. TOMADAS:
Em resumo, uma cozinha completa tem, ao menos, 10 pontos de tomadas, as quais indico serem todas de 20 amperes.
Ainda sobre as tomadas, não são bonitas, são necessárias, mas poluem a bancada. Dessa forma, eu sempre indico tomadas com cor mais próxima ao revestimento onde está sendo instalada, com o objetivo de mimetiza-las, e existe uma variedade boa de acabamento e cores de tomadas no mercado. Além disso, existe a torre de tomadas, mais comum em ilhas, que também permite um frontão clean, pois ficam embutidas na bancada, escondidinhas!
9. INSTALAÇÕES:
Além de toda a parte elétrica, há mais detalhes de instalações em cozinhas que são mega importantes de observarmos.
A caixa de gordura, é item chato (de fazer manutenção) mas tem sua importância. Segundo a norma NBR 8160, as caixas de gordura devem ser instaladas em locais de fácil acesso e com boa ventilação, sendo vedada a sua instalação dentro da edificação – embaixo de pias, por exemplo – ou em cada pavimento de um prédio. Geralmente, em casas, a alocamos no beco, do lado de fora, mais próximo da cozinha, a uns 2 metros, no máximo, de distância da pia.
Outra instalação delicada, e diretamente relacionada a segurança dos moradores de uma casa ou apartamento, é o botijão de gás. O ideal é que a botija fique em local arejado, que toda a canalização do gás seja feita com tubulação adequada, mangueiras dentro do prazo de validade e com selo do Inmetro, e se for embutir na alvenaria, use tubulação de cobre. Além da segurança, é importante pensar na troca da botija, deve haver um espaço tranquilo para o entregador acessar e realizar toda a troca e testes de costume, longe de materiais delicados. Nesse caso, também prefiro instalar o botijão no beco mais próximo da cozinha, de forma que tenha acesso pelo lado de fora.
10. ILUMINAÇÃO:
Concordo plenamente que a cozinha deve ser bem iluminada, o que não tem nada a ver com a utilização de lâmpadas de cor fria, ou seja, de iluminação branca.
Eu sempre indico uma iluminação geral, na maioria das vezes feita com painéis embutidos de led, com boa eficiência e cor neutra, de 4000 K. Pendentes nas bancadas e mesa de refeições com iluminação amarela, para criar um clima e aquecer o ambiente. E fitas de LED acima das bancadas, que podem ser embutidas nos armários superiores, para iluminar bem as atividades na pia e fogão.
Ufa!! É um cômodo complexo mesmo, que envolve vários fornecedores na sua construção ou reforma, exige cuidado em todos os detalhes, e deve ser bem planejado!
VÍDEO –
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