O Vale do Jequitinhonha começa a despontar no mapa econômico em Minas Gerais em função do protagonismo geográfico para a exploração do mineral que é peça-chave para a indústria de carros elétricos e híbridos.
O local tem o maior potencial para a exploração de lítio do país, com cerca de 45 depósitos do mineral na região, concentrando aproximadamente 85% das reservas nacionais desse mineral, segundo dados recentes do Serviço Geológico do Brasil (SGB). O volume chama a atenção de empresas, que, entre 2025 e 2029, planejam investir mais de R$ 5 bilhões para exploração do mineral, classificado como estratégico no cenário de transição energética mundial.
O cálculo é do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Os aportes estão previstos para serem feitos em Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha. Haverá, ainda, investimentos em Salinas, no Norte de Minas, e em Nazareno, no Campo das Vertentes, onde também há reservas de lítio. Atualmente, a Sigma Lithium e a Companhia Brasileira do Lítio (CBL) mantêm operações em andamento em Araçuaí, enquanto a AMG Brasil concentra as atividades em Nazareno.
“E temos mais uns cinco projetos, efetivamente, já fazendo as sondagens para poder entrar em produção”, sinaliza o diretor de assuntos minerários do Ibram, Júlio Nery. O diretor de atração de investimentos da Invest Minas, Ronaldo Barquette, diz que, com o boom de investimentos, a busca é por um desenvolvimento local que não fique restrito à exploração de lítio. A agência é responsável pela promoção de investimentos no Estado e foi quem criou, em 2023, a expressão “Vale do Lítio”, propaganda para atrair novas empresas para a região.
“O Vale do Jequitinhonha é a região do Estado em que mais se abrem empresas, segundo a Jucemg. Nós queremos desenvolver, agora, o serviço no entorno dos projetos que estão em implantação e em desenvolvimento e agregar valor ao lítio na região. Não queremos só extrair, queremos fazer o processamento local das partes da cadeia que for possível. É uma cadeia muito complexa, porque, a cada passo dela, demanda-se um recurso financeiro muito grande. Mas, logicamente, o valor do produto também aumenta”, projeta o diretor da Invest Minas.
Dados da Secretaria de Estado de Fazenda (SEF) e do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) mostram que já houve crescimento de 39,4% na arrecadação de Imposto Sobre Serviços (ISS) e de 12% no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nos 17 municípios elencados pelo governo como prioritários para a mineração de lítio.
Entre as empresas que preparam o início das atividades está a Atlas Lithium, que está com processo de licenciamento em tramitação junto à Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam). O projeto da mineradora, com sede nos Estados Unidos, mira uma reserva de mais de 100 milhões de toneladas do mineral, localizada na Área de Proteção Ambiental (APA) Chapada do Lagoão, que abrange territórios de Araçuaí, Caraí, Itinga e outros municípios da região.
Fonte: O Tempo
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